ASSENTE-SE NA GRAMA!
As palavras ditas por Jesus aos discípulos à multidão cansada que o procurara influenciaram minha perspectiva diante de todos os desafios de saúde de meu amado marido Claudio. Logo no início de uma saga de exames e diagnósticos para investigar seu estado de saúde, li o texto de Mateus 14.14-21, que estava na sequência da programação da leitura devocional para aquele dia (12/abril/2013). O médico cardiologista confirmara a arritmia e insuficiência cardíaca que os exames do pronto atendimento e também novos exames haviam sinalizado. Ainda não sabíamos que a situação era bem mais séria, pois novos exames revelariam insuficiência da válvula mitral e uma dissecção de toda a extensão da aorta, desde o tórax até as artérias ilíacas, apresentando aneurismas com diâmetros preocupantes. Naquele dia li o texto (que já havia lido inúmeras vezes antes) e orei dizendo: “Senhor o que esse texto tem a ver com o que estou passando? Estou muito preocupada e perplexa diante das notícias. Preciso de uma palavra tua, de um estímulo, de um conforto, ou qualquer palavra que consideras que preciso para esse momento”. Li e reli o texto de forma contemplativa... silenciei... No cenário do texto aquela multidão estava cansada e faminta. Eu também me encontrava exausta diante das notícias e faminta por uma palavra que nutrisse meu espírito naquele dia. Jesus disse aos discípulos que alimentassem a multidão e eles responderam que seria impossível, pois somente tinham cinco pães e dois peixes. Jesus pediu que trouxessem a ele o que tinham e ordenou a multidão que se assentasse na grama. Posteriormente Ele tomou os cinco pães, os dois peixes e olhando para o céu deu graças e partiu os pães. Aconteceu a multiplicação do que eles tinham e todo o povo (cinco mil homens, além de mulheres e crianças) foi alimentado naquela ocasião de forma que ainda sobejou alimento nos cestos. Contemplando o texto percebi o Senhor dizendo à mim, por meio de sua palavra, que também fizesse como os discípulos, ou seja, que trouxesse a ele “o que eu tinha”. E o que eu tinha? Um marido com o coração enfraquecido. Naquele momento era como se ele dissesse “o potencial do coração de seu marido está enfraquecido? Entregue-o a mim que tenho todo poder para fortalecê-lo”. E além de fazer como os discípulos eu também poderia seguir a orientação dada para a multidão, que era de “assentar-me na grama”. Poderia sentar, aguardar e perceber minha ansiedade se dissolvendo. Não apenas olhar para a situação vulnerável em si, não fixar somente naquilo que estava diante de mim de forma concreta, mas naquilo que pode vir de outra instância, que é infinitamente superior a qualquer diagnóstico e prognóstico, por mais realista e concreto que seja. Orei, entregando “o que eu tinha” ao Senhor e busquei “assentar-me na grama”. O Senhor foi acalmando o meu espírito com sua palavra amável. Essa reflexão serviu como base sólida no enfrentamento de novas situações de vulnerabilidade entre cateterismo, cardioversão, cirurgia cardíaca aberta de troca da válvula mitral, acometimento de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e mais quatro cirurgias de colocação de endopróteses na extensão de toda aorta. Os desafios não foram poucos e confesso que nem sempre foi fácil “assentar-me na grama”, mas sei também que o poder do Senhor é superior as minhas fraquezas e creio que Ele tem poder para realizar grandes feitos, apesar das minhas limitações. E assim tem sido.