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FOGO PRECISA DE AR!


Uma metáfora para o casamento.


Os especialistas* afirmam que para resultar em fogo é imperativo que ocorra uma combustão, que por sua vez necessita do combustível, do calor e do comburente (do ar) para acontecer. O combustível é algo que se queima e é o que alimenta o fogo, sendo um campo de propagação (um pedaço de madeira, uma vela, um papel gasolina etc.). Na presença do combustível o fogo caminhará por ele, podendo aumentar ou diminuir a faixa de atuação. O calor é o que alimenta o fogo e faz com que o fogo se propague pelo combustível. Pode ser obtido com o atrito (riscar um fósforo, por exemplo). O combustível (os materiais) precisam de aquecimento para produzirem gases, que combinados com o comburente formam uma mistura inflamável. O comburente é o ativador do fogo e dá vida às chamas, é o oxigênio, que é o elemento presente no ar que respiramos.


SEM AR NÃO HÁ OXIGÊNIO E SEM OXIGÊNIO NÃO HÁ FOGO.


Relacionando os elementos do fogo como uma metáfora para a vida a dois, poderíamos dizer que o combustível se equipara a química da paixão/amor (os enamorados com seu potencial de atração), o calor com a vontade de estar junto e o comburente (o ar) com a sabedoria na convivência.


Muitas vezes casais se separam por concluírem que “a chama do amor acabou”. Mas, caso tenha acabado considera-se a provável hipótese de que não souberam implementar os elementos necessários para manter a chama acesa.


Equivocadamente pode-se pensar que bastando ter o combustível (a química da paixão/amor de dois enamorados) e o calor (a vontade de estar junto) automaticamente a “chama do amor se manterá acesa”. Mas, assim como na metáfora do fogo, em que sem o elemento do ar ele não crepitará, também no relacionamento, sem a sabedoria na convivência a “chama do amor” não se manterá, podendo mesmo se extinguir por completo.


A sabedoria no relacionamento é o elemento fundamental para que os cônjuges sigam abertos um ao outro no olhar, no falar, no ouvir e no abraçar. Sabiamente percebem que as diferenças são as riquezas que cada um traz, portanto, ao invés de aniquilá-las se empenham para integrá-las no relacionamento.


O ar para o relacionamento representa a sabedoria para saber dar espaço na medida suficiente. Sem aglutinações, mas também sem desligamentos.


O melhor dos fogos quando sufocado apaga. Por exemplo, quando colocamos um copo em cima de uma vela acesa, a chama se extinguirá em segundos. Atitudes opressivas, aglutinadoras, grudentas, abusivas, impositivas, desrespeitosas tem o mesmo efeito para um relacionamento. A vontade de ficar junto vai se extinguindo gradativamente.


Por outro lado, ar demais também impede o fogo. Atitudes individualistas, egocêntricas, hedonistas, narcisistas, reservadas, distantes e refratárias trarão a mesma consequência.


Na maioria das vezes a falta de sabedoria na convivência (ar) para o amor (fogo) tem a ver com as penúrias pessoais que carregamos para dentro do relacionamento. Quando ambos os cônjuges compreendem que a vida a dois é também uma importante via de crescimento pessoal, podem amadurecer para o amor na convivência. O crescimento perpassa por uma revisão pessoal, mas não numa caminhada individualista e distante do outro. Se dá numa parceria com o outro, mas também e, especialmente, num confronto com o lado destrutivo do outro, bem como de si próprio. Nesse sentido no processo de amadurecimento o sofrimento poderá ser inevitável as vezes. O casamento como via de crescimento é palco de um encontro dialético entre dois parceiros durante toda sua vida conjunta, até a morte. Nessa trajetória ocorre o descobrimento da alma, em que ocorre uma abertura ao outro e para si mesmo. Guggenbühl-Craig (1980)** afirma que somente no friccionar as próprias feridas e se perdendo se é capaz de aprender sobre si mesmo, Deus, o outro e o mundo. Dessa forma, o casamento como via de crescimento pode até ser doloroso, mas também, além das dificuldades, se experimenta uma profunda satisfação existencial, a qual fortalece a convicção de que faz sentido avançar juntos como casal.


Seguindo assim, a sabedoria vai ganhando espaço e ambos podem aprender que estar na companhia do outro, que é tão diferente, é um dos melhores presentes que a vida proporcionou. Sabiamente arejar a alma para o encontro, sem medo de se aproximar e de atritar, ou mesmo de se afastar as vezes, pode ser o novo “ar” que estava faltando para reacender a "chama do amor".


*https://wandersonmonteiro.wordpress.com/2015/05/10/teoria-do-fogo/


**GUGGENBÜHL-GRAIG, A. O casamento está Morto, Viva o Casamento. São Paulo: Edições Símbolo, 1980.

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© Por CLARICE EBERT. Psicologia (CRP 08/14038).

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